quarta-feira, 6 de maio de 2009

Novos medicamentos em pesquisa: TELAPREVIR

Durante 44° Congresso Anual da Associação Européia para o Estudo do Fígado (EASL 2009) apresentaram os resultados da fase 2b da pesquisa com o Telaprevir realizada em 453 pacientes dos Estados Unidos e Europa. O Telaprevir e um inibidor da protease do vírus, estando entre os mais promissores nas pesquisas para o tratamento da hepatite C.É importante destacar que neste estudo foram incluídos somente pacientes considerados os mais difíceis de tratar, isto é, pacientes infectados com o genótipo 1 da hepatite C, dos quais 65% eram não respondedores a um tratamento anterior e 35% recidivantes, 90% apresentavam antes do tratamento alta carga viral (acima de 800.000 UI/ml) e, 40% apresentavam um estagio de fibrose F3 ou cirrose. Os pacientes foram divididos aleatoriamente nos seguintes grupos: Grupo 1: Pacientes tratados durante 24 semanas. Receberam Telaprevir, Interferon peguilado Pegasys e ribavirina durante 12 semanas e depois mais 12 semanas de Pegasys e ribavirina, sem Telaprevir; Grupo 2: Pacientes tratados durante 48 semanas. Receberam Telaprevir, Interferon peguilado Pegasys e ribavirina durante 24 semanas e depois mais 24 semanas de Pegasys e ribavirina, sem Telaprevir; Grupo 3: Pacientes tratados durante 48 semanas. Receberam Telaprevir, Interferon peguilado Pegasys e ribavirina durante 24 semanas e depois mais 24 semanas de Pegasys e Telaprevir, sem ribavirina; Grupo 4 - Controle: Pacientes tratados durante 48 semanas com o tratamento tradicional de Interferon peguilado Pegasys e ribavirina durante 48 semanas. Por se tratar de pacientes muito complicados de tratar devido ao elevado dano hepático aproximadamente 52% dos pacientes completaram o tratamento. RESULTADOS:Do total de pacientes que iniciaram o tratamento a resposta sustentada (cura da doença) foi conseguida em 52% dos pacientes do Grupo 1; em 52% dos pacientes do Grupo 2; e em 23% dos tratados do Grupo 3. Os pacientes tratados no Grupo 4 conseguiram uma resposta sustentada de somente 14%, confirmando o logrado com o retratamento na pratica médica atual. Quando se consideram somente os não respondedores a um tratamento anterior (não respondedor e aquele que durante o tratamento não consegue negativar a carga viral até a semana 24, são os que nunca conseguem um PCR indetectável) as taxas de resposta sustentadas foram de 39% no Grupo 1; de 38% no Grupo 2; de 10% no Grupo 3 e de somente 9% no Grupo 4 que foi tratado por 48 semanas com interferon peguilado e ribavirina. Quando se consideram somente os recidivantes a um tratamento anterior (recidivante e aquele que durante o tratamento consegue negativar a carga viral, mas que depois do tratamento voltam a apresentar carga viral positiva) as taxas de resposta sustentadas foram de 69% no Grupo 1; de 76% no Grupo 2; de 43% no Grupo 3 e de 20% no Grupo 4 que foi tratado por 48 semanas com interferon peguilado e ribavirina. A resposta terapêutica foi similar entre os pacientes com ou sem cirrose. As interrupções do tratamento aconteceram em 15% no Grupo 1; em 23% no Grupo 2; em 37% no Grupo 3 e em 59% no Grupo 4 seguindo critérios pré-definidos pelos pesquisadores. As taxas de interrupção ou abandono do tratamento considerados precoces foram de 10% no Grupo 1; de 25% no Grupo 2; de 9% no Grupo 3 e de 4% no Grupo 4. MEU COMENTÁRIO:Simplesmente emocionante ver que uma pesquisa não e realizada com os pacientes mais fáceis de tratar e sim com aqueles considerados mais difícil de responder a terapia. Falo emocionante porque devemos lembrar que aproximadamente a metade de todos os tratados nos mais de 10 anos em que a hepatite C tratados com interferon não obteve sucesso e, todos eles estão aguardando ansiosamente por novos tratamentos. O retratamento hoje com interferon peguilado e ribavirina consegue curar entre 9% e 14%, valores confirmados ainda com o grupo controle da pesquisa, mas vemos que com a adição do Telaprevir o índice de cura desses mesmos pacientes chega a incríveis 52%, praticamente um aumento de 500% na possibilidade de cura. É quando se consegue curar 52% dos pacientes mais difíceis de tratar imaginem o que vai ser possível com pacientes nunca antes tratados e de qualquer genótipo. O limite da imaginação fica com cada um de vocês enquanto ficam torcendo para que os diversos novos medicamentos cheguem ao mercado o mais depressa possível. Os mais otimistas falam que até o final de 2010 será possível que sejam autorizados por autoridades controladoras de medicamentos dos Estados Unidos e da Europa. Vamos torcer para que isso se torne uma realidade! Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:M Manns, A Muir, N. Adda, and others. Telaprevir in hepatitis C genotype-1-infected patients with prior non-response, viral breakthrough or relapse to peginterferon-alfa-2a/b and ribavirin therapy: SVR results of the PROVE3 study. 44th Annual Meeting of the European Association for the Study of the Liver (EASL 2009). Copenhagen, Denmark. April 22-26, 2009. Abstract 1044.

Carlos Varaldo
Grupo Otimismo