quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Pesquisa Datafolha e Associação Paulista de Medicina confirma pressões de planos de saúde que inviabilizam o exercício da medicina e colocam em risco

O livre exercício da medicina está ameaçado, tirando-se como base os resultados de inédita pesquisa do Datafolha realizada a pedido da Associação Paulista de Medicina (APM). Ataques à autonomia dos médicos, interferência descabida na relação com os pacientes, pressões para redução de internações, de exames e outros procedimentos são problemas detectados em todo o estado de São Paulo.

O levantamento tem o intuito de conhecer a opinião dos médicos de São Paulo sobre a atuação das empresas de saúde suplementar. Foram entrevistados médicos cadastrados no Conselho Federal de Medicina (CFM), da ativa, que atendam a planos ou seguros de saúde particulares e tenham trabalhado com, no mínimo, 3 planos ou seguros saúde nos últimos 5 anos.

O campo ocorreu entre os dias 23 de junho e 18 de agosto de 2010. Houve 403 entrevistas, sendo 200 na capital e 203 no interior ou outras cidades da região metropolitana. A margem de erro máxima, para mais ou para menos, considerando um nível de confiança de 95%, é de 5 pontos percentuais para o total da amostra e 7 pontos percentuais para capital e interior.

Principais conclusões

Tirando-se como base uma escala de zero a dez, o médico paulista atribui nota 4,7 para os planos ou seguros saúde no Brasil. Considerando apenas as empresas com as quais tem ou tiveram algum relacionamento nos últimos cinco anos, a avaliação é similar: nota média de 5,1 em escala de zero a dez.

Mais de 90% dos médicos denunciam interferência dos planos de saúde em sua autonomia profissional. No levantamento Datafolha/APM, em uma escala de zero a dez, é atribuída nota 6,0 para o grau de interferência dos planos de saúde. Nota maior é dada pelos médicos que atuam na capital. Para cerca de três em cada dez médicos, glosar procedimento ou medidas terapêuticas é o tipo de interferência que mais afeta a autonomia médica. Outros tipos de interferência muito apontados são quanto à solicitação de exames e procedimentos; atos diagnósticos ou terapêuticos mediante a designação de auditores; restrições a doenças preexistentes.


Confira a seguir alguns resultados relevantes da Pesquisa Datafolha/APM


Pior plano de saúde

** Há um empate entre os piores planos do Estado. Medial, Intermédica, Amil e Cassi são os mais citados.

Piores honorários

** Medial e Intermédica dividem o primeiro lugar como os planos que pagam os piores honorários médicos.

Procedimentos burocráticos

** Quando o assunto é burocracia há pulverização dos resultados. Oito planos dividem a primeira colocação como o mais burocrático. Três em cada dez médicos paulistas percebem que todos os planos ou seguro saúde são burocráticos.

Interferência na autonomia

** Cerca de nove em cada dez médicos declaram que há interferência dos planos ou seguros saúde que trabalham ou trabalharam, na autonomia técnica do médico. 52% afirmam que esta prática é comum a todos/maioria dos planos.

Maior interferência em tempo de internação

** Na opinião dos médicos, Amil Sul América, Cassi, Medial e Bradesco são os planos que mais interferem no tempo de internação.

Interferência no período de internação pré-operatório

** A opinião dos médicos da capital e interior difere quanto ao plano que mais interfere no período de internação pré-operatório. E, 31% acham que todos os planos interferem na mesma intensidade.

Glosas e medidas terapêuticas

** Amil, Sul América e Medial são os planos que mais glosam procedimento e medidas terapêuticas, segundo a pesquisa.

Interferência número de exames e procedimentos

** Amil, Medial, Intermédica e Sul América destacam-se como os que mais interferem no número de exames e procedimentos.

Interferência em atos diagnósticos e terapêuticos mediante designação de auditores

** Os mais citados são Amil, Medial e Sul América

Interferência dos planos ou seguros na autonomia técnica do médico, por tipo de serviço:

- Glosar procedimentos ou medidas terapêuticas 79%

- Número de exames ou procedimentos 77%

- Atos diagnósticos e terapêuticos mediante designação de auditores 71%

- Restrições a doenças pré-existentes 71%

- Tempo de internação a pacientes 56%

- Prescrição de medicamentos de alto custo 47%

- Período de internação pré-operatório 46%


Divulgação da assessoria de imprensa da Associação Paulista de Medicina

Claudio Costa
Grupo Amarantes