terça-feira, 29 de março de 2011

Estão diminuindo os casos de novos infectados com hepatite C no mundo?

Segundo um novo estudo do CDC - Centro para o Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos - as novas infecções causadas pela hepatite C são a cada dia menos comuns. Na metade da década dos 80 aconteciam aproximadamente 70 novas infecções por milhão de americanos e, tal incidência entre os anos de 1994 e 2006 teve uma redução de 90%, acontecendo somente sete novas infecções a cada milhão de habitantes dos Estados Unidos.

As novas infecções causadas pelo vírus da hepatite C geralmente não são evidentes. A maioria dos casos não apresenta sintomas e, em silencio a doença vai danificando o fígado durante anos. Quando aparecem sintomas que possibilitam o diagnostico nas fases avançadas, o dano hepático já é grande, dificultando o tratamento.

De cada 10 novas infecções duas ou três são classificadas como hepatites agudas, apresentando febre, náuseas, mal estar geral e quando aparecem sintomas de icterícia, com pele e olhos com coloração amarelada, fica evidente um claro sinal de um problema no fígado.

A hepatite C é transmitida a través do contato com sangue infectado penetrando por uma ferida aberta de um indivíduo saudável. É a infecção mais comum entre usuários de drogas injetáveis devido ao compartilhamento de seringas e instrumentos para sua aplicação. Uma pequena quantidade de casos acontece durante o parto quando a mãe á a infectada e até pode ser possível a transmissão sexual, porém essa é uma via de transmissão rara de acontecer, (Meu comentário: por isso a hepatite C não é considerada pela OMS uma doença sexualmente transmissível, a não ser por governantes ignorantes que acham que tudo na vida é uma doença sexual que acontece por não se usar preservativos).

O estudo realizado nos Estados Unidos pelo CDC chegou a conclusões muito interessantes para se efetuar uma correta estratégia no controle e prevenção de novos casos, destacando entre elas:

- O uso de drogas injetáveis é atualmente a fonte mais comum de infecção pela hepatite C, mas representam uma percentagem muito pequena no conjunto total de pessoas que estão infectadas;

- Existem poucas evidencias que na atualidade procedimentos estéticos como tatuagens ou aplicação de piercings contribuam substancialmente para disseminar a hepatite C;

- Aproximadamente 14% das novas infecções pela hepatite C identificadas durante o período do estudo ocorreu entre pessoas que disseram identificar como único fator de risco a pratica de sexo com um parceiro infectado ou que tinham múltiplos parceiros sexuais;

- O risco de infecção por transfusões de sangue nos Estados Unidos caiu para níveis insignificantes, de aproximadamente uma nova infecção a cada dois milhões de transfusões, devido à introdução de praticas mais rigorosas na triagem de doadores e exames para detectar o HCV, especialmente pela obrigatoriedade da realização do teste NAT no sangue coletado.

Concluem os pesquisadores alertando que a maioria das pessoas infectadas com hepatite C não são usuários de drogas injetáveis. A população cronicamente infectada é composta na sua maioria de pessoas que se infectaram antes de 1993 quando ainda não se possuíam formas de detectar o vírus e as seringas de injeção não eram descartáveis.

MEU COMENTÁRIO:

Nos Estados Unidos novos casos de hepatite C estão diminuindo. É interessante analisar os números já que eles mostram o porquê dessa diminuição. Dos aproximadamente quatro milhões de infectados entre 40 e 50% já foram diagnosticados e mais de 700.000 já receberam tratamento, números que deveriam servir de exemplo na responsabilidade com a saúde da população aos demais países.

A epidemia de hepatite C é uma epidemia sinistra porque é agora que estão se manifestando de forma trágica e arrasadora as conseqüências das infecções acontecidas três décadas atrás, com milhares de pessoas desenvolvendo cirrose e câncer no fígado.

Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:

Incidence and Transmission Patterns of Acute Hepatitis C in the United States, 1982-2006 - Ian T. Williams; Beth P. Bell; Wendi Kuhnert; Miriam J. Alter - Arch Intern Med. 2011;171(3):242-248. doi:10.1001/archinternmed.2010.511

Carlos Varaldo