segunda-feira, 1 de março de 2010

Por quanto tempo sobrevive o vírus da hepatite C fora do organismo?

Uma pesquisa apresentada semana passada no ''17th Conference on Retroviruses and Opportunistic Infections (CROI)'' apresentou um resultado assustador sobre o tempo de vida do vírus da hepatite C fora do organismo. O estudo foi realizado porque a transmissão da hepatite C continua muito alta entre usuários de drogas injetáveis. Diversas pesquisas mostram taxas de infecção entre 30% e 90% nesses grupos, um índice muito superior à prevalência do HIV.

As ações de redução de danos nos Estados Unidos com o fornecimento e troca de seringas entre usuários de drogas reduziu drasticamente a transmissão do HIV/AIDS, mas o impacto na redução da hepatite C foi muito pequeno.

Devemos considerar ainda que a transmissão da hepatite C durante um acidente biológico apresenta uma possibilidade de infecção dez vezes maior que a transmissão do HIV.

O estudo encontrou que em determinadas condições de temperatura e dependendo do tamanho da amostra de sangue foram encontrados vírus ativos em instrumentos contaminados até dois meses após o instrumento ter sido utilizado.

É importante esclarecer que essa situação se deu em seringas com agulhas de injeção mais grosas e em condições de temperatura de 4 graus, o que pode acontecer se um instrumento foi guardado numa geladeira ou no inverno de regiões frias.

Os pesquisadores utilizaram seringas de diferentes calibres de agulhas e as infectaram com sangue positiva para hepatite C. Todas as seringas foram lavadas e depois armazenadas em três temperaturas diferentes, a 4 º C (semelhante a uma geladeira domestica), a 22 º C considerada a temperatura ambiente (em um clima temperado) e a 37 º C, a temperatura do corpo (ou um clima muito quente).

Em seringas pequenas, como as utilizadas para insulina, o vírus ''morre' rapidamente a temperatura de 37 graus, não se encontrando vírus ativos dentro da agulha após 24 horas. Já se a temperatura for de 22 graus os vírus somente desaparecem após três dias. Se a temperatura de armazenamento for de 4 graus o vírus foi encontrado ativo em 33% das seringas após 24 horas, em 25% após três dias e em 5% foi encontrado após uma semana.

Já em seringas com agulhas de maior diâmetro os resultados mostraram que na temperatura de 4 graus quase todas as seringas tinham ativo o vírus após uma semana, a metade após um mês e em uma parte significativa continuava ativa após dois meses. Na temperatura de 22 graus 70% das seringas permaneciam transmissoras do vírus após sete dias, 40% após um mês. Na temperatura de 37 graus a metade das seringas permanecia com vírus ativos após 7 dias, praticamente a mesma proporção assim permanecia após um mês e uma pequena parte continuava infecciosa após dois meses.

Concluem os pesquisadores que a sobrevivência do vírus da hepatite C aumenta em função do tamanho do diâmetro da agulha, sendo essas as de maior probabilidade de transmitir a hepatite C. Recomendam ainda à realização de novos estudos na transmissão da hepatite C entre usuários de drogas já que a possibilidade de transmissão varia em climas quentes e frios e do tipo mais comum de agulhas e seringas utilizadas.

MEU COMENTARIO

Pessoalmente acho um absurdo ainda existirem seringas de injeção que podem ser reutilizadas. As seringas que travam após sua utilização, não permitindo a reutilização, existem em todos os países, mas por serem um pouco mais caras os governos não decretam por lei seu uso obrigatório, continuando a permitir uma seringa mais barata, mas que continuam a transmitir doenças. Ate quando?

Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
Paintsil E et al. Survival of HCV in syringes: implication for HCV transmission among injection drug users. Seventeenth Conference on Retroviruses and Opportunistic Infections, San Francisco, abstract 168, 2010.

Carlos Varaldo
Grupo Otimismo