domingo, 9 de maio de 2010

RECOMENDAÇÕES DO INSTITUTO DA ACADEMIA DE MEDICINA PARA PREVENÇÃO E CONTROLE DAS HEPATITES B E C

Acaba de ser publicado no "Hepatology" um estudo realizado pelo Instituto da Academia de Medicina dos Estados Unidos (Institute of Medicine of the National Academies) com recomendações para a prevenção e controle das hepatites B e C. Ao final do texto disponibilizamos a integra da publicação (em Inglês) para quem está interessado no assunto.

O texto, com pequenas adequações pode ser adaptado a realidade de cada país. No caso de adaptação para o Brasil fica ainda mais fácil, pois o número de infectados cronicamente com as hepatites B e C e praticamente o mesmo que nos Estados Unidos (entre cinco e seis milhões de indivíduos) o que demandaria políticas e esforços muito parecidos, mas sem ignorar na adequação as diferenças que existem entre os sistemas públicos e privados de saúde dos dois países nem o patamar de pacientes já diagnosticados e atendidos.

Por exemplo, os planos de saúde dos Estados Unidos são obrigados a oferecer os tratamentos das hepatites B e C, já no Brasil não fornecem medicamentos de uso oral. No caso da hepatite C nos Estados Unidos já foram tratados mais de 700.000 infectados, contra menos de 70.000 no Brasil. No Brasil as ações deveriam ser maiores para tentar recuperar o tempo perdido.

O Instituto da Academia de Medicina dos Estados Unidos estima que a cada ano morrem 15.000 pessoas por culpa do câncer ou doenças do fígado nos Estados Unidos relacionadas com as hepatites, duas doenças que poderiam ser evitadas mediante prevenção, diagnostico precoce e tratamento.

Nos Estados Unidos é estimado que as mortes nos próximos 10 anos sejam de 150.000 pessoas. A prevalência da hepatite B atinge entre 800.000 e 1.4 milhões de pessoas e a hepatite C entre 3,7 e 3,9 milhões, números praticamente iguais ao do Brasil.

Nos estados unidos é estimado que 70% dos infectados ainda não foram diagnosticados, já no Brasil o número de não diagnosticados chega aos 90%, o que representa um dado alarmante, pois esses indivíduos estão agravando o seu quadro de saúde.

Nos Estados Unidos os infectados com as hepatites B e C atingem uma população 5 vezes maior que a de infectados com HIV/AIDS, mas o CDC (Centers for Disease Control and Prevention) destina 69% de seu orçamento para o HIV/AIDS e somente 2% para as hepatites B e C. No Brasil para cada um dos 600.000 infectados com HIV/AIDS existem recursos da ordem de R$. 3.600,00 no orçamento de 2010, incluindo campanhas, tratamento, atenção, etc., já para os aproximadamente 5,5 milhões de infectados pelas hepatites B e C o recurso orçamentário não chega a R$. 70,00 ao se realizar a mesma comparação por pessoas infectadas. A insuficiência de recursos para os programas de hepatites estão dando lugar a transmissão continua das hepatites B e C e a altas taxas de morbilidade e mortalidade.

Os sistemas de vigilância epidemiológica, tanto nos Estados Unidos como no Brasil se encontram pouco desenvolvidos e totalmente fragmentados nos estados e municípios, não existindo uma efetiva vigilância dos casos diagnosticados. No Brasil, aproximadamente três de cada quatro diagnosticados não são notificados no ministério da saúde, não existindo a abertura da notificação por meio eletrônico no site do ministério da saúde, o que seria o método mais lógico e fácil.

São quatro as recomendações do estudo para resolver a situação:

1 - Melhoria da vigilância epidemiológica nas hepatites B e C;

2 - Maior conhecimento e sensibilização da assistência sanitária e serviços sociais (postos de saúde, médicos de família, etc.), especialmente quando do atendimento de pessoas que possam estar incluídas nos grupos de maior prevalência;

3 - Melhoria na cobertura vacinal na hepatite B;

4 - Melhoria no acesso ao diagnostico, tratamentos e medicamentos.

Carlos Varaldo
Grupo Otimismo