sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Deficiência de Vitamina D pode estar associada com doenças auto-imunes e alguns tipos de câncer

Pesquisa publicada na revista Genome Research confirma suspeitas que evidenciam que a Vitamina D pode proteger contra as doenças auto-imunes e alguns tipos de câncer.

A pesquisa, realizada na Universidade de Oxford por analise genética identificou que a Vitamina D interage com genes específicos do DNA responsáveis pelo aparecimento dessas doenças. Diversas regiões dos genes previamente identificados com diversas doenças, como o câncer colorretal, esclerose múltipla, Doença de Crohn, lúpus, artrite reumatóide e leucemia linfática crônica e doenças auto-imunes apresentaram ligações com a ação da Vitamina D. O próximo passo será tentar compreender como essa regulação dos genes pela interação da Vitamina D pode levar a desenvolver as doenças.

No momento o papel do uso suplementar de Vitamina D para prevenir as doenças não é totalmente compreendido, pelo que se recomendam novos estudos, tal qual está acontecendo com a utilização da Vitamina D no tratamento da hepatite C com interferon peguilado e ribavirina conforme comentamos em artigos anteriores.

A exposição ao sol é um caminho eficiente para elevar os níveis de Vitamina D no organismo, assim como a alimentação com leite e derivados, peixes com gordura como o salmão ou a sardinha e outros alimentos que contem cálcio.

Lamentavelmente com a recomendação de utilizar protetor solar para evitar o câncer de pele, a concentração de Vitamina D no organismo é prejudicada. Um estudo recente mostrou que metade da população dos Estados Unidos apresenta níveis inferiores aos recomendados de Vitamina D no organismo, situação que não acontecia na década passada.

As recomendações internacionais de suplementação diária de Vitamina D é de 200 IU para pessoas com menos de 50 anos; de 400 IU para pessoas entre 51 e 70 anos e de 600 IU para pessoas com mais de 70 anos, mas muitos especialistas criticam tais dosagens por considerá-las muito baixas.

O pesquisador chefe do estudo publicado em Genome Research, Dr. Sreeram V. Ramagopalan acredita que para prevenir as doenças estudadas na pesquisa seria necessária uma suplementação de até 2.000 IU ao dia de Vitamina D.

O nível de vitamina D no sangue é medido por um exame de sangue chamado 25-hidróxi-vitamina D. É considerado um normal nível de 25 ng/mL. Níveis inferiores a 20 ng/mL indicam deficiência de Vitamina D. Os pesquisadores indicam que o ideal seria manter um nível entre 30 e 40 ng/mL para reduzir o risco de aparecimento das doenças estudadas.

Um novo estudo será iniciado com 20.000 pacientes que estarão tomando 2.000 IU de Vitamina D ao dia durante cinco anos no Brigham and Women's Hospital de Boston, Estados Unidos, o qual irá contribuir significativamente na confirmação, ou não, dos possíveis benefícios da Vitamina D. O mesmo estudo também vai pesquisar os efeitos o Omega 3.

É importante destacar que os pesquisadores alertam que antes de recomendar altas doses de Vitamina D é necessária uma melhor compreensão da dose ideal e do melhor nível no sangue, com o qual se evitarão possíveis riscos ainda não verificados.

Resumindo, ainda faltam respostas para muitas perguntas, mas o caminho parece ser interessante por ser a Vitamina D um principio ativo barato e até encontrado fartamente em alimentos.

Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
A ChIP-seq defined genome-wide map of vitamin D receptor binding: Associations with disease and evolution - Sreeram V. Ramagopalan, Andreas Heger, Antonio J. Berlanga, et al. - Genome Research - Published in Advance August 24, 2010, doi: 10.1101/gr.107920.110

Carlos Varaldo
Grupo Otimismo