domingo, 16 de dezembro de 2012

Quebrando um mito - É rara de acontecer a transmissão sexual em casais monogâmicos


A conceituada revista "Hepatology" publica uma pesquisa sobre a transmissão sexual da hepatite C em casais, quando um dos dois parceiros se encontra infectado com hepatite C.

Um total de 500 casais, nos quais um dos parceiros se encontrava infectado com hepatite C, foram acompanhados durante oito anos, todos eles praticando sexo geralmente sem camisinha, monogâmicos, declaradamentes sem praticar sexo com outras pessoas, a não ser o parceiro único. Nenhum dos participantes estava infectado com HIV/AIDS.

Os casais eram entrevistados para fatores de risco de transmissão da hepatite C, praticas sexuais realizadas e compartilhamento de itens pessoais de higiene. Todos foram testados para anticorpos (anti-HCV), HCV/RNA (carga viral), genótipo e serotipo (o serotipo identifica a família do vírus dentro do genótipo, uma espécie do DNA do vírus determinando pela sequencia filogenética).

Estudos anteriores são controversos, mas todos mostram que a transmissão sexual é rara, obtendo resultados entre zero e 5% em casais heterossexuais estáveis, encontrado um risco maior em populações infectadas com HIV/AIDS, indivíduos com múltiplos parceiros sexuais e homens que fazem sexo com homens, pesquisas essas realizadas na década passada.

A pesquisa publicada no "Hepatology" tentou determinar a real possibilidade de transmissão sexual da hepatite C em casais heterossexuais monogâmicos identificando especificamente os tipos de pratica sexual associadas a esse risco. Os pacientes do estudo foram recrutados entre os anos de 2000 e 2003 no norte da Califórnia, nos Estados Unidos. A analise incluía casais com relação sexual entre 3 e 15 anos, resultando em uma média de oito anos de atividade sexual ativa no total do grupo. Não foram incluídos usuários de drogas nem pessoas com HIV/AIDS.

Resultados:

- Dos 500 casais participantes que no inicio do estudo o parceiro se encontrava indetectável, em 20 deles aconteceu um contagio com hepatite C, representando 4% do total de casais;

- Analisado o genótipo, em 11 desses casos de infecção o genótipo era diferente ao do parceiro, confirmando que a infecção não aconteceu pelo parceiro. Somente em 9 casos o genótipo era o mesmo, o que presumia a transmissão entre os parceiros em 1,8% dos participantes;

- Mas ao se realizar o exame de serotipo foi encontrado que o genótipo existente era de uma família diferente em seis desses infectados, restando somente 3 infectados nos quais pode se assegurar que a transmissão aconteceu desde o parceiro, representando somente 0,6% no total dos participantes do estudo.

- Com base nesses resultados os pesquisadores concluíram que ao acompanhar um total de 8.377 pessoas/ano, a prevalência de infecção da hepatite C entre os parceiros sexuais é no máximo de 1,2%, o que representa uma incidência máxima de transmissão sexual de 0,07% ao ano, ou uma nova infecção a cada 190.000 contatos sexuais.

- Além disso, a análise não conseguiu encontrar uma ligação entre a transmissão da hepatite C com qualquer atividade sexual específica.

Esclarecem os autores que a transmissão sexual pode acontecer quando fluidos do corpo infectados entram em contato com as mucosas, já que o vírus é encontrado em todos os fluidos do corpo humano, mas geralmente os níveis são pequenos e insuficientes para transmitir a doença. Um baixo nível de vírus no esperma ou nas secreções vaginais pode ser razão pela qual o vírus da hepatite C se transmite de forma menos eficiente que o vírus da AIDS ou da hepatite B.

Esclarecem, também, que os resultados são somente aplicáveis a casais heterossexuais monogâmicos, sem HIV/AIDS. Pessoas com múltiplos parceiros sexuais, HIV/AIDS positivos, gays, bissexuais e homens que fazem sexo com homens estão em maior risco de infecção pela hepatite C. Não existem estudos realizados em mulheres lesbianas.

Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
Sexual Transmission of HCV among Monogamous Heterosexual Couples: the HCV Partners Study.- Terrault NA , Rodeio JL, Murphy EL, Tavis JE, Kiss A, Levin TR, R Gish, Busch M, Reingold AL, Alter MJ. - Hepatology (on-line). 2012 Nov 23. doi: 10.1002/hep.26164

Agência de Notícias
das Hepatites