A conceituada revista "Hepatology" publica
uma pesquisa sobre a transmissão sexual da hepatite C em casais, quando um dos
dois parceiros se encontra infectado com hepatite C.
Um total de 500 casais, nos quais um dos parceiros
se encontrava infectado com hepatite C, foram acompanhados durante oito anos,
todos eles praticando sexo geralmente sem camisinha, monogâmicos,
declaradamentes sem praticar sexo com outras pessoas, a não ser o parceiro
único. Nenhum dos participantes estava infectado com HIV/AIDS.
Os casais eram entrevistados para fatores de risco
de transmissão da hepatite C, praticas sexuais realizadas e compartilhamento de
itens pessoais de higiene. Todos foram testados para anticorpos (anti-HCV),
HCV/RNA (carga viral), genótipo e serotipo (o serotipo identifica a família do
vírus dentro do genótipo, uma espécie do DNA do vírus determinando pela
sequencia filogenética).
Estudos anteriores são controversos, mas todos mostram
que a transmissão sexual é rara, obtendo resultados entre zero e 5% em casais
heterossexuais estáveis, encontrado um risco maior em populações infectadas com
HIV/AIDS, indivíduos com múltiplos parceiros sexuais e homens que fazem sexo
com homens, pesquisas essas realizadas na década passada.
A pesquisa publicada no "Hepatology"
tentou determinar a real possibilidade de transmissão sexual da hepatite C em
casais heterossexuais monogâmicos identificando especificamente os tipos de
pratica sexual associadas a esse risco. Os pacientes do estudo foram recrutados
entre os anos de 2000 e 2003 no norte da Califórnia, nos Estados Unidos. A
analise incluía casais com relação sexual entre 3 e 15 anos, resultando em uma
média de oito anos de atividade sexual ativa no total do grupo. Não foram
incluídos usuários de drogas nem pessoas com HIV/AIDS.
Resultados:
- Dos 500 casais participantes que no inicio do
estudo o parceiro se encontrava indetectável, em 20 deles aconteceu um contagio
com hepatite C, representando 4% do total de casais;
- Analisado o genótipo, em 11 desses casos de
infecção o genótipo era diferente ao do parceiro, confirmando que a infecção
não aconteceu pelo parceiro. Somente em 9 casos o genótipo era o mesmo, o que
presumia a transmissão entre os parceiros em 1,8% dos participantes;
- Mas ao se realizar o exame de serotipo foi
encontrado que o genótipo existente era de uma família diferente em seis desses
infectados, restando somente 3 infectados nos quais pode se assegurar que a
transmissão aconteceu desde o parceiro, representando somente 0,6% no total dos
participantes do estudo.
- Com base nesses resultados os pesquisadores
concluíram que ao acompanhar um total de 8.377 pessoas/ano, a prevalência de
infecção da hepatite C entre os parceiros sexuais é no máximo de 1,2%, o que
representa uma incidência máxima de transmissão sexual de 0,07% ao ano, ou uma
nova infecção a cada 190.000 contatos sexuais.
- Além disso, a análise não conseguiu encontrar uma
ligação entre a transmissão da hepatite C com qualquer atividade sexual
específica.
Esclarecem os autores que a transmissão sexual pode
acontecer quando fluidos do corpo infectados entram em contato com as mucosas,
já que o vírus é encontrado em todos os fluidos do corpo humano, mas geralmente
os níveis são pequenos e insuficientes para transmitir a doença. Um baixo nível
de vírus no esperma ou nas secreções vaginais pode ser razão pela qual o vírus
da hepatite C se transmite de forma menos eficiente que o vírus da AIDS ou da
hepatite B.
Esclarecem, também, que os resultados são somente
aplicáveis a casais heterossexuais monogâmicos, sem HIV/AIDS. Pessoas com
múltiplos parceiros sexuais, HIV/AIDS positivos, gays, bissexuais e homens que
fazem sexo com homens estão em maior risco de infecção pela hepatite C. Não
existem estudos realizados em mulheres lesbianas.
Este artigo foi redigido com comentários e
interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
Sexual
Transmission of HCV among Monogamous Heterosexual Couples: the HCV Partners
Study.- Terrault NA , Rodeio JL, Murphy EL, Tavis JE, Kiss A, Levin TR, R Gish,
Busch M, Reingold AL, Alter MJ. - Hepatology (on-line). 2012
Nov 23. doi: 10.1002/hep.26164
Agência de Notícias
das Hepatites