quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Governo só vai pagar por paciente curado da hepatite C - 30/01/2014

Modelo de compra inédito de remédio para hepatite C prevê que indústria pague casos de insucesso.



Jornais de Portugal publicam reportagem do presidente do Infarmed - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde anunciando um projeto inédito no país que promete revolucionar o mercado dos medicamentos inovadores e mais caros. Nos próximos dias, os hospitais vão poder comprar um dos novos remédios para a hepatite C (Boceprevir) e pagar apenas os tratamentos dos doentes que ficarem curados. "É um modelo novo em Portugal, em que há uma partilha de risco entre o Estado e a indústria" afirmou Eurico Castro Alves. 

A ideia base é a de o Estado e os laboratórios farmacêuticos partilharem os riscos financeiros. As empresas comprometem-se a cobrir os custos dos tratamentos realizados no Serviço Nacional de Saúde que não tenham um resultado eficaz. 

O primeiro modelo já está definido e vai abranger o Boceprevir, cujo nome comercial é Victrelis®. Trata-se de um dos medicamentos para a hepatite C que tem 60% de eficácia (duplica o valor de cura conseguido pelos remédios mais antigos). A Merck compromete-se a pagar 40% do custo dos tratamentos realizados nos hospitais. 

Por outro lado, Merck irá custear os tratamentos que ultrapassem as 32 semanas. Ou seja, se o tratamento necessita de 44 semanas de Boceprevir o laboratório aceitou que o Estado só pague até às 32 semanas e a partir daí, passa a ser 'oferta' da empresa. 

Esse acordo já foi conseguido com Merck que comercializa o Boceprevir, estando as negociações com a Janssen, responsável pelo produto concorrente (Telaprevir), ainda em discussão. 

O presidente do Infarmed admite que o modelo é ainda pouco ambicioso e promete evoluções nos próximos tempos: "A ideia é ir avançando, até se chegar a um modelo em que se vai monitorizando os doentes e só se pagam mesmo os tratamentos que obtém a cura". 

Isto já acontece em vários países que aplicam esta fórmula há muito tempo, como Itália e Inglaterra. Aqui, no final do prazo acordado, a empresa e o Estado fazem um acerto de contas: ou os hospitais pagam tudo o apenas os remédios consumidos pelos doentes curados; ou a indústria recebe um valor por antecipação, devolvendo o excedente caso o número de pessoas curadas seja menor do que o combinado. 


MEU COMENTÁRIO 

Desde o ano passado, inclusive em palestra que fiz no mês de novembro em Portugal, coloco que com a chegada de vários novos medicamentos para tratamento da hepatite C ao mesmo tempo, somente conseguirão sucesso de vendas aquelas empresas farmacêuticas que encontrem formas inovadoras, e até atrevidas, de comercialização. Pelo visto a guerra teve inicio. 


Carlos Varaldo