sexta-feira, 27 de junho de 2014

Cirurgia inavadora substitui transplante de fígado

Cirurgia inavadora substitui transplante de fígado

Menino diagnosticado com tumor no fígado realiza procedimento inédito e descarta o transplante do órgão, que até então era o recurso indicado.
24/06/2014

Uma nova técnica para a retirada de tumor de fígado foi aplicada pela primeira vez no mundo em uma criança em janeiro deste ano, no Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba (PR). Rafael Michalski, 12 anos, foi diagnosticado com tumor maligno no fígado em janeiro de 2013 e em março do mesmo ano iniciou o tratamento quimioterápico até que ele estivesse apto para um transplante de fígado – até então único recurso possível para o tipo de tumor.
Um ano depois, em janeiro de 2014, uma nova técnica mudou a vida de Rafael, que não precisou recorrer ao transplante. Ele foi submetido, com sucesso, ao procedimento ALPPS (Associating Liver partition and portal vein ligation for staged hepatectomy).
“Ficamos muito felizes com o resultado. Estávamos nos preparando para uma vida restrita. Caso ele fizesse o transplante, teria que tomar remédio o resto da vida para evitar rejeição, e isso não vai acontecer”, conta a mãe de Rafael, Marlene Michalski.
O procedimento ALPPS (Associating Liver partition and portal vein ligation for staged hepatectomy) foi descrito pela primeira vez em 2012 e só em adultos. A técnica é realizada em duas etapas, com intervalo aproximado de 15 dias.
Primeiro é feita a cirurgia para a bipartição do fígado, com a ligadura de veia porta (que leva o sangue do intestino para o fígado) e secção do órgão. Na etapa seguinte, o tumor e a área comprometida são retirados, sem o risco de insuficiência hepática, ao mesmo tempo em que se inicia a regeneração da parte sadia do fígado.
No caso de Rafael, o tumor de aproximadamente 19 cm comprometia mais de 75% do fígado e o único tratamento indicado para salvar a vida dele era o transplante. Com a realização do ALPPS, que primeiro isolou e na sequência removeu a área afetada – após o crescimento da área de fígado sadia – o órgão alcançou, no período de 10 dias, 41% do tamanho normal. E resultados da última tomografia mostram que após três meses da cirurgia o órgão estava com o volume 70%.
Segundo um dos cirurgiões responsáveis pelo procedimento, os resultados são satisfatórios e substituem o transplante. “Aplicamos uma técnica já utilizada em adultos com resultados bastante impressionantes. Esse procedimento permite que um maior número de pacientes portadores de tumor hepático sejam tratados de uma forma segura”, ressalta o cirurgião hepático Julio Wierderkehr.
Um dos principais benefícios da nova técnica está a não realização do transplante de fígado. “A aplicação da técnica ALPPS evita a cirurgia (e seus riscos) para um doador vivo, além de contribuir para que o órgão que está disponível na Central de Transplantes seja utilizado por uma pessoa que não tenha outra alternativa para seu tratamento”, explica o cirurgião hepático Julio Wierderkehr.
O paciente submetido à cirurgia não utiliza os imunossupressores (indicados para evitar a rejeição do órgão) necessários para aqueles que se submetem ao transplante, o que é uma vantagem, visto que tais medicamentos podem causar alguns efeitos colaterais a médio e longo prazo, inclusive a recorrência do tumor.
Passo a passo ALPPS
1ª Etapa – 1ª cirurgia: ligadura da veia porta
A veia porta, que leva o sangue do intestino para o fígado, é desconectada da área em que está o tumor – permanecendo a alimentação normalmente na área sadia.
Bipartição do fígado
O fígado é partido em dois, separando a área afetada da área sadia – com exceção da veia porta, as outras irrigações (do quê?) são preservadas.
2ª Etapa – 2ª cirurgia

Retirada da área afetada pelo tumor e início da regeneração da área sadia

Parte do fígado que foi desligada da veia porta (onde o tumor está localizado) é retirada. Nessa etapa a área sadia já tem tamanho suficiente manter as funções normais do órgão.
Regeneração hepática 
Fígado continua a regeneração até atingir seu volume normal – o que pode levar até um ano.
http://www.revistahospitaisbrasil.com.br/noticias/cirurgia-inovadora-substitui-transplante-de-figado/

Nota enviada Por Nádia Elizabeth: Conselheira Nacional de Saúde