segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Programa de Hepatites Virais do Ministério se integra ao Departamento de DST e Aids

O Programa Nacional para a Prevenção e o Controle das Hepatites Virais está agora integrado ao Departamento de DST e Aids da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), dentro da estrutura do Ministério da Saúde. A estrutura passa, então, a se chamar Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. A mudança visa fortalecer as ações para o enfrentamento das doenças, principalmente no que se refere à prevenção, à assistência e à mobilização social.

As hepatites virais são um grave problema de saúde pública no mundo. No Brasil, os principais vírus circulantes causam os tipos A, B, C e D da doença. “Vamos somar as nossas experiências à resposta do Programa Nacional de Hepatites Virais (PNHV) para atender as pessoas afetadas”, disse Eduardo Barbosa, diretor adjunto do Departamento. “Nosso compromisso sempre foi e será para com as pessoas.”

Eduardo Barbosa fez questão de ressaltar o quanto continuará sendo importante a colaboração do movimento social em hepatites e DST e aids, especialmente neste momento de transição. “Temos de avançar muito e o diálogo com os movimentos continuará sendo uma das principais tônicas de nosso trabalho.”

Ouvido pela nossa reportagem, Carlos Varaldo, fundador do Grupo Otimismo, que divulga informações sobre hepatites, presta orientação jurídica e promove grupos de apoio, entre outras ações, disse que já era hora de fazer mudanças no PNHV visando uma atenção maior aos doentes de hepatites. “Eu briguei para que o Programa fosse criado, mas tenho de reconhecer que, ao longo de quase 7 anos, ele avançou pouco. Sem o Programa estaríamos no mesmo lugar onde estamos”, disse Varaldo, citando os números. “Em 2003 entre 1.300 e 1.500 pacientes recebiam tratamento na hepatite B. Hoje são 2 mil. Crescer 50% em seis anos é natural em função do diagnóstico. Sem contar que o crescimento no número de pacientes em tratamento se deu nos primeiros três anos e, desde então, se mantém praticamente o mesmo.”

Varaldo acredita que a integração trará, sim, benefícios no tratamento da hepatite B, considerada Doença Sexualmente Transmissível, como o HIV. “Os infectologistas dos Centros de Referência de Aids poderão passar imediatamente a tratar a hepatite B, pois são tratamentos parecidos.” Ao mesmo tempo, ele levanta uma questão relativa às hepatites A e C. “Como um programa que cuida de DST vai cuidar de doenças que não são DSTs?

Ricardo Gadelha, coordenador do PNHV, explicou que a integração visa justamente tornar as ações mais amplas e abrangentes. “Vamos tratar o indivíduo como um todo, com um olhar integral, e não dividindo-o por sintomas e doenças como se ele fosse compartimentado’, disse Gadelha. “O paciente que tem HIV muitas vezes é o mesmo que tem uma hepatite, porque há muita coinfecção.”

Além de ressaltar a melhora nos serviços de saúde, com mais opções para os doentes de hepatite, Gadelha lembrou que o movimento social da aids tem muito o que acrescentar na luta contra a hepatite B. “Temos muito o que aprender com a experiência de mobilização da aids.”


Fátima Cardeal